Irene Moreira Taitson é membro-fundador da Associação Brasileira de Constelações Sistêmicas. Curou a Formação em Constelações com Lorenz Wiest, Diretor do Hellinger Institut Landshut, e sua equipe. Tem mais de 500 horas de participação em workshops e cursos com Bert Hellinger e discípulos. Certificada pela Hellinger Sciencia, já fez mais de 3000 constelações e atua como terapeuta de Constelações Familiares, principalmente em Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Estados Unidos e São Luís. Docente em formações de Constelações Familiares em Brasília e São Luís. Facilitadora de grupos de estudo da metodologia Pathwork, formação feita com membros do grupo que conviveu com a Eva Pierrakos. É terapeuta de Frequências de Brilho – Nível 28.
Nessa rápida conversa, Irene compartilha com o IAD um pouco da sua experiência e conhecimento envolvendo o trabalho terapêutico que desenvolve com as Constelações Familiares e o Pathwork.
IAD: O que é e como surgiu o método das Constelações Familiares?
As Constelações Familiares foram desenvolvidas pelo terapeuta alemão Bert Hellinger. Ao atuar como terapeuta, ele percebeu que há um campo energético que contém todas as pessoas de uma família e também outras que passam a pertencer a esse campo em circunstâncias especiais. Bert Hellinger, com a técnica das Constelações Familiares, tornou possível trazer à luz as dinâmicas ocultas dos sistemas familiares, seus efeitos sobre pessoas desses campos e mostrou como liberar os membros de um sistema dos chamados emaranhamentos com destinos difíceis dele, por exemplo.
IAD: As constelações trabalham com as chamadas “Ordens do Amor”. No que consistem essas ordens e como elas operam em um sistema?
As chamadas “Ordens do Amor” são como leis que regem o sistema familiar: todos os membros de um sistema têm o mesmo direito de pertencer a ele. Há uma hierarquia dentro do sistema: quem chegou primeiro tem prioridade sobre quem veio depois; e é preciso que haja equilíbrio entre dar e receber. Quando uma ordem é violada, por exemplo, se alguém é excluído, um membro de uma geração posterior do sistema assumirá o destino do excluído.
IAD: Na prática, como se dá o procedimento terapêutico das Constelações Familiares?
Pessoas são convidadas a representar membros do sistema. Ao serem esclhidas e posicionadas, elas “entram” no sistema, por assim dizer, e passam a agir, espontaneamente, como a pessoa que estão representando age ou agiria. Acontece um movimento que não é direcionado pela razão e sim pelo
campo familiar de quem está sendo constelado. Os excluídos são trazidos à luz e reconhecidos como parte do sistema. Os emaranhamentos se desfazem e a pessoa fica livre para viver, por exemplo.
IAD: Quando uma Constelação acaba? E como avaliar a eficácia da terapia?
Não há um padrão para o término da constelação, mas com frequência isso acontece quando o representante da pessoa alvo da constelação se sente leve. A eficácia é evidenciada pela forma como a pessoa alvo se sente. Às vezes, os resultados são sentidos imediatamente, noutras, demoram algum tempo para serem sentidos.
IAD: Qual o papel do terapeuta constelador nesse processo?
O terapeuta é principalmente um observador respeitoso que segue os movimentos espontâneos dos representantes. Não é a mente do terapeuta que dirige a constelação e sim os movimentos “inspirados” pelo campo.
IAD: A Constelação pode ser aplicada em outros sistemas, além do familiar? Como isso funciona?
Sim, pode ser aplicada no sistema educacional, jurídico, empresarial. Os principais membros do sistema são representados e, da mesma forma que na constelação familiar, eles se movimentam espontaneamente e trazem à luz origens ocultas ou inconscientes de disfunções nos sistemas. Casos de bullying, de litígios em questões judiciais, entre outros, são frequentemente solucionados com as constelações.
IAD: Além das constelações, você trabalha com Pathwork, outra técnica nova e de profundo poder terapêutico. O que é essa metodologia?
O Pathwork, cuja tradução literal é “Trabalho do Caminho”, é uma metodologia de autoconhecimento baseada em um conjunto de ensinamentos apresentados sob a forma de palestras. Estas contêm conceitos e orientações sobre como abrir mão do que bloqueia nosso desenvolvimento, nossa plena realização, nossa alegria. A base do Pathwork é a autorresponsabilidade. O método, eminente prático, aplicável ao nosso dia-a-dia, é muito útil para pessoas que estão buscando um caminho espiritual. Com frequência essa busca se manifesta como uma sensação de inquietação, um anseio, um vazio que nada preenche ou mesmo uma crise pessoal.
IAD: Como você interage esses dois métodos nos seus tratamentos terapêuticos?
Frequentemente, ao fazer uma constelação ou ao trabalhar com um grupo de Pathwork percebo as leis espirituais ou leis do sistema familiar que estão sendo violadas. Mesmo sem mencionar explicitamente, uno as duas técnicas, o que leva ao esclarecimento dos emaranhamentos ocultos ou das intenções negativas inconscientes que estão dificultando a vida das pessoas envolvidas.
IAD: Numa percepção pessoal, qual o maior ensinamento que você recebeu na sua experiência em lidar com tantos casos sistêmicos?
O amor prevalece, sempre.
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“Quero mudar, mas meu ego não consegue fazê-lo. Deus o fará por meu intermédio. Tornar-me-ei um canal desejoso e receptivo para que isso aconteça.”
(O Significado Espiritual da Crise – Palestra do Guia do Pathwork nº 183)