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Vera Fróes é pesquisadora de plantas medicinais, com larga experiência em comunidades indígenas e extrativistas da Amazônia. Tem especialidade em Etnobotânica, pelo NBRI-India, é graduanda em Gestão de Inovação de Fitomedicamentos, pela Fiocruz, vice-presidente do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais – IECAM e criadora da Viridis Produtos Naturais.

Na entrevista, abaixo, Vera compartilha algumas percepções sobre a Fitoterapia, a Fitocosmética e outros temas que envolvem a nossa flora.

IAD: O que você entende como saúde?

Para mim, saúde é o equilíbrio do corpo físico, mental e espiritual. Combinar alimentos orgânicos com cabeça boa, exercício físico prazeroso e uma prática espiritual elevada. Já dizia o médico alquimista Paracelso, que o pensamento positivo era responsável por 70% da cura.

IAD: O que você entende como cura?

Cura é saúde, é harmonia do corpo, da mente e do espírito, que é o oposto de doença, que é a desarmonia espiritual refletida na matéria, de acordo com a nossa medicina ameríndia.

IAD: Por que as plantas curam? De onde vem seu poder curativo?
Porque são mais inteligentes do que nós. Seu poder curativo vem da mãe natureza, pródiga, nos oferece o remédio e o alimento e não nos cobra nada, apenas o cuidado. Dizem que as sementes vieram de outro planeta, talvez por isso sejam tão capacitadas e produzem seu próprio alimento.

IAD: Como podemos definir a Fitoterapia e como se desenvolveu essa ciência?

Fitoterapia é a terapia através das plantas, surgiu com o aparecimento do homem. Cientistas encontraram sementes de mil em rama (Achillea millefolium) em urnas ao lado de hominídeos de 60.000 anos atrás. Esta ciência se desenvolveu, inicialmente, através da observação do comportamento animal, tentativa de acerto e erro e experimentação empírica transmitida de geração a geração, até ser comprovada cientificamente.

IAD: Como conciliar o conhecimento e o uso tradicional das ervas medicinais com a medicina moderna e o modo de vida urbano?

Usar plantas medicinais é uma escolha estratégica para observarmos a relação recíproca entre a saúde humana e ambiental. Colher uma planta no jardim e fazer um remédio é um ato de resistência contra o monopólio da indústria farmacêutica e das práticas de saúde convencionais. É uma forma de valorizar a nossa biodiversidade e o conhecimento tradicional associado.

IAD: Como você vê o desenvolvimento da Fitoterapia no Brasil, bem como sua aceitação e presença nos sistemas de saúde?

Temos que reconhecer que o Brasil tem uma política de plantas medicinais e fitoterápicos incrível, criada em 2006, a PNPMF, e também um programa excelente, mas a prática está distante. Os APLs, Arranjos Produtivos Locais, são limitados por burocracias. Os postos de saúde, com algumas exceções, não oferecem essa medicina complementar, além da questão da prescrição, uma vez que os médicos não estudam essa matéria nas universidades.

IAD: Você é uma estudiosa da Fitocosmética, estudo cada vez mais procurado por mulheres que desejam se cuidar de forma mais saudável. Conte um pouco sobre as origens desse ramo da Fitoterapia?

O Egito foi o berço da cosmética e da perfumaria. Os egípcios dominavam a tecnologia tradicional da mumificação, tirando os orgãos internos e adicionando substâncias aromáticas para conservar os corpos. Acreditavam que os aromas afastavam as doenças e atraiam as energias de cura e foram os precursores da Aromaterapia. Cleopatra era uma alquimista e difundiu o uso da babosa para a saúde da pele e dos cabelos.

IAD: Você é etnobotânica e convive há anos com comunidades indígenas e tradicionais da Amazônia. O que podemos aprender com esses povos na relação com as plantas e o poder medicinal da flora brasileira?

Que as plantas são nossos parentes, a quem devemos cuidado e respeito, fazem parte da família. Ninguém queima ou destroe seus parentes, elas são seres sagrados que possuem um corpo físico e um espírito, responsável pela cura e manutenção da vida no planeta.

Na Amazônia, você também conheceu e conviveu com xamãs e comunidades que fazem uso de plantas “mágicas” em rituais. Sobre o uso das plantas de poder, como elas podem auxiliar no despertar do autoconhecimento e do bem-estar das pessoas?

As plantas mágicas são as chamadas plantas de poder, as plantas inteligentes, que fazem parte da fitoesfera que vêm “acordar” a neuroesfera (nós, humanos) para salvarmos a atmosfera.

CURSO DE FITOCOSMÉTICA NO VALE DAS FLORES

No dia 6 e 7 de maio, Véra Fróes estará em Brasília para realizar mais um curso de Fitocosmética. Será no Sítio Vale das Flores, em parceria com o IAD. Clique aqui e saiba como participar.

Confira, abaixo, mais um pouco dos conhecimentos sobre a Fitoterapia no vídeo da websérie Prosas Paridas:

https://www.youtube.com/watch?v=S8U1QOXJ9HU

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